Três mil famílias beneficiam de água e saneamento melhorados em Quelimane, Mocuba e Luabo


Mais de três mil famílias afectadas pelo ciclone Idai, nos distritos de Quelimane, Mocuba e Luabo, já têm acesso à água e saneamento do meio melhorados, no contexto das acções de seguimento do programa de emergência desencadeadas pela organização Water Aid, na província da Zambézia.

A coordenadora do projecto de emergência na Water Aid, Natália Licussa, disse, terça-feira última, em Mocuba, que o foco da organização é incutir nas famílias reassentadas no pós-Idai, e não só, as regras de  higiene individual e colectiva, a fim de reduzir a prática de fecalismo a céu aberto, por constituir um atentado à saúde pública e degradação ambiental.

Falando no bairro Macovini, na autarquia de Mocuba, por ocasião do Dia Mundial de Latrina, Natália Licussa afirmou ainda que, através de artes cénicas, os mobilizadores do programa têm disseminado mensagens com vista a desfazer os tabus culturais, segundo os quais o genro e a sogra não podem usar a mesma latrina.

Segundo ela, essa ideia estava bastante cristalizada no seio das comunidades reassentadas, mas, devido ao trabalho dos mobilizadores, o cenário que leva a organização a consolidar essa conquista no contexto da melhoria das condições de acesso à água e saneamento do meio melhorado.

O Dia Mundial da Latrina, cujo lema foi “Uso da latrina ninguém deve ficar atrás”, coincidiu com a entrega a 280 famílias de “quites” completos de higiene e dignidade para as mulheres reassentadas em Macovine e Navirua.

As famílias receberam produtos de higiene individual e colectiva e às mulheres foram dadas roupa e produtos para higiene pessoal. O lema em alusão visa massificar o uso correcto da água e das latrinas nas comunidades reassentadas para melhorar a qualidade de higiene.

Para as acções de seguimento pós-emergência e distribuição de quites de higiene e de dignidade, construção de latrinas e fontes de água, a Water Aid está a investir, globalmente, 6,1 milhões de meticais.

Para Natália Licussa, o acesso à água de qualidade e ao saneamento é um direito humano e a sua falta coloca a mulher e a rapariga em desespero, porque têm de percorrer dezenas de quilómetros à procura do precioso líquido, a fim de suprir as necessidades diárias.

“O nosso foco maior é com as mulheres e raparigas, embora toda a atenção esteja voltada a grupos vulneráveis”, disse. Entretanto, Lurdes Miguel, uma das beneficiárias, afirmou que está satisfeita com a recepção de quites de dignidade da mulher, porque isso vai melhorar a higiene pessoal.

“Trata-se de quites inovados, que nunca tínhamos visto e permitem a sua reutilização várias vezes. Isso vai poupar os poucos recursos com os quais tínhamos de comprar”, disse.
Neste momento, a Water Aid está a construir 400 latrinas e vinte fontes de água nos distritos com sérios problemas de saneamento, nomeadamente, Quelimane, Luabo e Mocuba.

Paralelamente, os beneficiários recebem mensagens para melhorar o tratamento de água e das latrinas. Nalguns distritos, por exemplo, constrói-se nas escolas e bairros blocos sanitários como estratégia para melhorar o acesso a esses serviços básicos.

A nível do país, a província da Zambézia tem a mais baixa cobertura de saneamento. Dados do Governo indicam que a actual taxa de cobertura é de 27 por cento, ou seja, em cada cem famílias apenas vinte e sete é que usam a latrina, o que coloca enormes desafios no investimento para este sector. 

Water Aid é uma organização internacional de origem inglesa sem fins lucrativos e trabalha para melhorar o acesso à água potável de qualidade e saneamento do meio, com vista a contribuir para melhorar a qualidade de vida das comunidades mais carenciadas. Opera em Moçambique há vinte anos, nas províncias de Maputo, Nampula, Zambézia e Niassa.

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